terça-feira, 16 de março de 2010

"Mastercard..."

A grande maioria dos valores morais, éticos ou não, pessoais ou gerais vem de berço. A maioria. Mas também existem exceções, como para tudo nesta vida.
Mas hoje vim aqui para falar dos que literalmente vem de berço. De criação. Ou até dos que são hereditários.
Considero-me um ser humano de sorte. Tive o prazer, imenso prazer, de conviver com uma figura paterna que não era biológica de primeira geração, e sim de segunda (meu avô) por 28 anos da minha humilde vida. Não tem preço, como diz a Mastercard. Não mesmo. Não pode ser medido, não pode ser avaliado financeiramente, mas pode-se tentar expressar em forma de agradecimento. E é por isso que aqui estou hoje. Para agradecer.
Quanto à figura paterna de primeira geração, tive má sorte (a outra palavra traz mais má sorte ainda, como diz minha figura materna de primeira geração!!!). Mas a vida de alguma forma soube compensar essa falta de sorte, essa falta de presença, essa falta de amor, essa falta de educação, essa falta de exemplo, de valores, morais, de ética, enfim, essa falta geral que a primeira geração paterna me causou. Deu-me uma figura paterna de segunda que não só cobriu a falta da primeira, como excedeu em tudo nas expectativas.
Grande parte do que sou hoje devo ao meu verdadeiro pai (não ao biológico). Foi meu maior exemplo de poço de sabedoria. Era MINHA enciclopédia ambulante. Foi minha referência de ética, de coisas certas, de atitudes, de valores. Com ele aprendi a ter moral. Aprendi a definir os MEUS valores. Isso é muito pessoal, eu sei. Varia muito de ser humano para ser humano, mas acredito fortemente que os meus são imbatíveis, pois tendo ele como exemplo, não poderia ser diferente.
Como ele eu aprendi também a ser curiosa. Sempre me dizia que a curiosidade é a maior fonte de aprendizagem. Na curiosidade reside um mar infinito de possibilidades. “Mas filhinha, sempre seja humilde, até na curiosidade.” Com ele aprendi também a nunca ter vergonha de “não saber”. Ninguém nasce sabendo.Mas só cresce quem quer saber. Mais vale perguntar não sabendo, do que calar e fingir saber. Essa é a verdadeira ignorância, no sentido de optar por ignorar.
Meu pai. Meu avô. Meu exemplo. Meu tudo. Esse sim sabia das coisas.
Com ele também aprendi a ser mais paciente. Sou impulsiva, demasiadamente impulsiva. A paciência é um dom. E o pouco que tenho (ainda estou aprendendo) devo a ele. Sem sombra de dúvida.
Outra coisa que ele me ensinou: “filhinha: seja independente. Nunca dependa de ninguém. Essa é a sua verdadeira arma para atingir a felicidade. Trabalhe, dedique-se, encontre o que lhe dá prazer. Estude. Estude muito!! Sempre há mais para aprender”.
Ele faz muita falta. Volta e meia, quando tenho alguma dúvida, qualquer que seja, sobre qualquer assunto, pego o telefone para lhe telefonar... Agora eu tenho que aprender a aprender sem sua presença física. Isso está me doendo. Mas estou amadurecendo através desta dor. Aprendendo a aprender sozinha.
E isso, vôzinho, não tem preço, como diz a Mastercard.
Mesmo distante você se faz mais presente do que a maioria esmagadora dos que aqui estão comigo.
Te amo, e te digo de coração: OBRIGADA.

2 comentários:

  1. O primeiro passo para a evolução é o verdadeiro conhecimento de suas próprias limitações. Adoro esta frase! Vai -se o corpo, ficam as lições que engrandecem o espírito, seu e dele. A sabedoria é o único bem que ninguém pode tirar de você. Um beijo do Jacaré !

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  2. É Jacaré.. realmente, a sabedoria fica, é minha e ninguém pode me tirar isso...
    Com certeza conhecer minhas próprias limitações está fazendo parte deste novo processo de vida, e de fato sinto que estou evoluindo.
    Você é um querido...
    vamos papear dia desses?
    beijo no coração!

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